quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

Manhã de inverno


 Acordei numa manhã fria e chuvosa
O café estava pronto sobre a mesa
Mas já não havia ninguém mais em casa
Não me lembrei do dia anterior
O que tinha feito, por onde andara
E pouca importância teria o amanhecer
Havia um livro na estante
Vários livros na estante
Poderia reler antigas cartas ou escrever um conto
Que se danem os contos e a literatura
Tomei café sozinho e sentei-me no frio do sofá
No meio da sala havia uma goteira
Sempre pensava nessa hora em concertá-la
Mas quando vinha o sol se esquecia
A poça que crescia na sala
Se minha mãe estivesse em casa
Ali já haveria um balde
À conter a água que pingava da telha rachada
Peguei antigas fotos que mostravam um mundo perdido
Rostos que nunca mais se viram
Por que se guarda tanta foto velha?
Desbotadas, frias e mortas
Entre elas vi nossa antiga casa
As roseiras estavam abertas
O pôr-do-sol e os beija-flores
O fogão de lenha brilhava na foto
Tão distante quanto a lembrança guardada
No álbum velho de velhas fotos
Se a chuva parasse poderia descer até a rua
Dar uma volta e chutar poças d'agua
A goteira iria parar e ser esquecida
Joguei as fotos sobre a cama
E tentei me lembrar do dia anterior
Da vida anterior
Dos amores anteriores
Havia jogado tudo fora
Minha vida era um borrão de tinta
Tentei me fixar em bons momentos
Neles surgiu sua lembrança
Como tivemos momentos felizes!

E até parece que foi ontem 
Que passei o dia inteiro contigo.

Nenhum comentário:

Postar um comentário